quinta-feira, 27 de maio de 2010

Estilo musical


Repertório

Na história da MPB a tradição romântica foi intensificada nos anos 1980 e os temas de amor romântico e paixão, foram amplamente explorados por diversos cantores e compositores. Simone, que desde o início da carreira interpretou predominantemente canções românticas, figura dentre elas e é por isso elencada na categoria de cantora romântica. O repertório abrange mais de 380 interpretações , um dos mais vastos e diversificados dentre as vozes femininas, compondo um verdadeiro mosaico de estilos. O amor romântico ou idealizado, apaixão, (Começar de Novo, Jura Secreta, Corpo, Medo de Amar nº2, Raios de luz, Lenha), o samba (O Amanhã, Disputa de Poder, Ex-amor) e a religiosidade (Cantos de Maculelê, Reis e rainhas do Maracatu, Então é Natal, Ave Maria, Jesus Cristo) são os mais recorrentes na obra.

Ao longo da infância e juventude as principais referências deste repertório romântico foram Roberto Carlos, Milton Nascimento e Maysa Matarazzo, de quem é grande fã e que grande influência exerceu na carreira, Dolores Duran, Ângela Maria, Nora Ney e Elizeth Cardoso -- as maiores expoentes do gênero samba-canção ou fossa. O gênero, comparado ao bolero, pela exploração e exaltação do tema amor-romântico ou pelo sofrimento de um amor não realizado, foi chamado também de dor-de-cotovelo. O samba canção (surgido na década de 1930) antecedeu o movimento da bossa nova (surgido ao final da década de 1950, em 1957), com o qual Maysa já foi identificada. Mas este último, herdeiro do jazz norte-americano, representou um refinamento e uma maior leveza nas melodias e interpretações em detrimento do drama e das melodias ressentidas, da dor-de-cotovelo e da melancolia. O legado de Maysa, ainda que aponte para dívidas com a bossa, é o de uma cantora mais dramática e a voz é mais arrastada do que as intérpretes da bossa e por isso aproxima-se antes do samba-canção e do bolero. O declarado gosto pessoal da cantora por boleros advém desta herança musical. Ao lançar o CD Fica comigo esta noite, comentou: Bolero é bolero. Quando você tem um cara como o Luiz Conte que tem uma pegada de bolero especial, fica mais fácil. É o métier dele. Por exemplo, no show, o (Fernando) Caneca tocava guitarra, violão, viola, tudo junto. No disco, a gente tem mais tempo e pode variar mais de músicos e testar o que for melhor. No mais, eu sou a rainha do bolero. Adoro!.

como intérprete, Ivan Lins, Vitor Martins, Milton Nascimento, Fernando Brant, Paulo César Pinheiro, Gonzaguinha, Chico Buarque, Martinho da Vila, Fátima Guedes, João Bosco, Aldir Blanc, Isolda, Roberto Carlos, Hermínio Bello de Carvalho, Paulinho da Viola, Sueli Costa e Abel Silva são os compositores com maior número de interpretações na voz. O repertório atual inclui ainda Zélia Duncan, Cássia Eller, Adriana Calcanhotto, Aldir Blanc, Joyce, Martinho da Vila, Ivan Lins, Paulinho da Viola, Zeca Pagodinho e Lenine.


Voz

Desde o primeiro LP gravado até os dias atuais o talento então descoberto é expressado pela espontaneidade, o dom natural, sem qualquer registro de passagem por escolas de música ou aulas de canto, tampouco utiliza a leitura de cifras como recurso de intelecção aos acordes. Marcada por um acentuado sotaque baiano, que o tempo nunca apagou, e um exclusivíssimo timbre metálico de mezzo-soprano, a voz revela-se também por uma leve rouquidão com viés romântico, entrementes exaltada por um travo de emoção contida, como nos dramas românticos de Começar de novo, Jura secreta e Gota d´água. Na nomenclatura do canto o registro vocálico é de tessitura vertical mediana, contrabalançado por uma ampla horizontalidade ou versatilidade; atualmente, na maturidade, pode ser definido com o de umcontralto, mais grave, que o do tenor e o do mezzo-soprano; observa-se na obra o uso do recurso do falsete, como em alguns versos do refrão de Jesus Cristo, no qual o timbre alcança um agudo para além do registro convencional. Trajetória profissional que se consolidou com um repertório eclético ensejado por um alto grau de versatilidade vocal, abrangendo interpretações solo em castelhano e ao lado de nomes como Pablo Milanés, Plácido Domingo, José Carreras e Julio Iglesias. Foi por três vezes nomeada para concorrer ao Grammy Latino (em 2006, na categoria Melhor álbum de música brasileira com o Cd Baiana da Gema).


Palco

A presença no palco é caracterizada[carece de fontes] entre outras pelo traje branco, altura incomum e porte atlético e o gesto de abrir os braços no formato de uma cruz, contemplando gestualmente algumas canções. É característica[carece de fontes] também a maneira como Simone encerra os espetáculos, distribuindo flores, rosas brancas, para o público: As rosas são uma forma de agradecimento, é uma lembrança minha ao público. E a roupa branca já vem de muito tempo. O branco é a unificação de todas as cores e simboliza o meu mestre espiritual, que me acompanha sempre.


Sucessos

A pedido, ganhou em 1978, do amigo Bituca, Milton Nascimento, a composição que se tornou então o apelido, Cigarra, do disco homônimo lançado no mesmo ano. O pedido por uma canção com o tema de cigarra partiu da própria cantora por ocasião de um evento ocorrido em Salvador, quando Simone afirma ter sido surpreendida por uma voz que repetiu três vezes a palavra cigarra direcionando-se a ela e de maneira inusitada [carece de fontes]. A letra faz alusão à famosa fábula de Esopo, A Cigarra e a Formiga.

Além de Cigarra, foram consagradas na voz inúmeras canções, dentre as quais: Começar de Novo, Jura Secreta, Medo de amar no. 2, O ronco da cuíca, Face a face, Cordilheiras, Bodas de Prata, Quem é você, De frente pro crime, Fantasia, Quatro paredes, Desgosto, Mar e lua, Novo tempo, Música música, Condenados, Encontros e Despedidas, A distância, Outra vez, Danadinho danado, Canta canta minha gente, Disritmia, Sangrando, Cantos do maculelê, Louvor a Chico Mendes, Será, Sou eu, Você é real, Voltei pro morro, Samba de Orly (com Toquinho), Reis e rainhas do maracatu, Caçador de Mim, Sob medida, Maria Maria, Iolanda (com Chico Buarque), Atrevida, Por um dia de graça, Quem te viu quem te vê, Tô que tô, Tô Voltando, Gota d'água, Me deixas louca, Vida, Pão e Poesia, O Amanhã, Para não dizer que não falei das flores, Disputa de Poder, Uma nova mulher, O que será, Loca, Procuro Olvidarte, Raios de Luz, Tudo por amor, Tudo bem, Alma, Corpo, Amor no coração, Codinome beija-flor, Ex-amor, Um Desejo só não Basta, Amor explícito, Então é Natal, Jesus Cristo, Lenha, Separação, Pedaço de mim, Desesperar jamais, Saindo de mim, Começaria tudo outra vez, Veneziana, Idade do céu (com Zélia Duncan), Matriz ou filial, Cofre de seda, Muito estranho, Então me diz, É Festa, Existe um céu, Alma (com Zélia Duncan), Meu Ego, Migalhas, e outras.

Começar de Novo, do disco Pedaços (1979), foi a canção-tema do seriado Malu Mulher (Rede Globo, 1979), que abordava assuntos polêmicos na época como a emancipação feminina, divórcio, aborto e violência doméstica. A personagem Malu (Regina Duarte) foi a primeira a tomar pílula contraceptiva na TV.[51] Simone foi escolhida para interpretá-la em detrimento de Maria Bethânia, cogitada também para a interpretação, mas que recusou. Na voz, a composição, que foi escrita especialmente para o seriado, por Ivan Lins e Vítor Martins, tornou-se um grande sucesso da época e um marco na história da MPB. Começar de Novo foi gravada também por Barbara Streisand e Sarah Vaughan.


Parcerias

Dentre as parcerias estão nomes como Milton Nascimento, Chico Buarque, Isolda, Roberto Carlos, Martinho da Vila, Zeca Pagodinho, João Bosco, Ivan Lins, Gal Costa, Toquinho, Cazuza, Erasmo Carlos, Gonzaguinha, Ney Matogrosso, José Luis Rodrigues, Dionne Warwick, José Carreras, Plácido Domingo, Pablo Milanes, Julio Iglesias, Luís Represas, Fátima Guedes, Grupo Olodum da Bahia, Meninas Cantoras de Petrópolis, Daniela Romo, Eugênia Melo e Castro, Dulce Pontes, Hebe Camargo, Marília Gabriela, Ângela Maria, Zélia Duncan e outros.

Oficialmente, a vendagem mínima dos álbuns é de 7,2 milhões de cópias; o número semi-oficial é de 15 milhões: vinte discos de ouro, dezesseis de platina e um de diamante. Apenas com o CD 25 de dezembro, somente com canções natalinas, ultrapassou 1,2 milhão. A reedição deste CD contou com a participação especial das Meninas Cantoras de Petrópolis, na canção Ave Maria, não constante da versão original. A versão em espanhol vendeu dois milhões de cópias.

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